É PECADO TIRAR FÉRIAS ?

 “É pecado aquele que serve a Deus tirar férias?” A respeito do mesmo assunto, outra pessoa afirmou que os discípulos de Jesus nunca tiraram férias – Bíblia não traça uma teo­logia profunda a respeito do assun­to, pois o descanso diário, semanal e anual é algo que o corpo humano naturalmente pede e não há como negar, senão, literalmente ele morre. Mas se alguém quer um versículo, tudo bem, leia Gênesis 2.2: “No séti­mo dia, Deus já havia completado a obra que fizera; nesse dia descansou de toda a obra que havia criado e fei­to”. Portanto, se até Deus descansou e ainda instituiu um dia da semana para descanso (Êx 20.9,10), quem sou eu para dizer que descansar do tra­balho é pecado.

A resposta é simples. O cidadão que trabalha dentro e fora da igreja, tira férias tal qual um trabalhador qual­quer. Todavia, o “cristão”, aquele que vive a fé em Jesus e tem como principal responsabilidade pregar a salvação aos perdidos, jamais tira fé­rias de suas responsabilidades. Pode até estar no campo, na praia, na piscina, mas mantém sua fé viva. O Espírito Santo que habita em nós nunca tira férias, está sempre em ebulição, trabalhando diuturnamen­te em nossa alma, inclusive, durante as férias. Mesmo que estejamos esta­fados, doentes, viajando ou passando as férias na praia, as oportunidades de pregação e testemunho espelha­rão a nossa fé. Portanto, o “cristão” de fato nunca tira férias. Em outras palavras, esticando a análise: Igreja não tira férias, ser e agir como irmão não sai de férias, amizade não tira fé­rias, companheirismo não tira férias, intercessão não tira férias, solidarie­dade não tira férias, hospitalidade não tira férias, oração e leitura da Bí­blia não tiram férias, e por aí vai.

Imagino que os irmãos que levan­taram esse tema estejam se referindo ao “ato de ir ao templo”, que alguns abandonam quando saem de férias. A Bíblia nos incentiva a congregarmos por uma questão de bom senso, pois, quando não es­tamos com outros irmãos por perto, ficamos mais susceptíveis às tenta­ções. A presença dos irmãos nos aju­da a permanecer nos propósitos com Deus. É a velha história da brasinha fora da fogueira, que acaba por per­der o seu calor. E juntos, claro, somos mais fortes em ações comunitárias.

O que não podemos deixar de realizar como cristãos, membros de uma igreja, fiéis à Palavra de Deus, mesmo de férias, é honrarmos os compromissos com Deus e os ir­mãos. Se você dá aulas na Escola Bíblica, não largue simplesmente tudo porque está de férias. Seja responsável com seu ministério e com as pessoas que são abençoadas por meio dele. Aliás, nas férias temos até mais tem­po, dá para lermos e orarmos ainda mais. E férias também é bom perí­odo para exercitar a hospitalidade, receber os irmãos em casa por lon­gas horas, visitar os enfermos, asilos, realizar uma viagem missionária, ter um tempo maior com os familiares. Tudo isso e muito mais, são atitudes de cristão que jamais tira férias das suas responsabilidades cristãs. Cren­te tira férias, enquanto cristão tira mais tempo para Deus e a Sua obra.

Há muitos anos, aprendi uma fra­se genial e verdadeira: “Se você faz o que gosta, nunca precisará traba­lhar”. Aplicada ao nosso tema, fica­ria assim: Se você tem prazer em ser cristão, nunca precisará trabalhar na obra de Deus. Ou seja, você fará tudo por amor, com alegria, não apenas porque é um mandado de Deus. Por isso, a importância de sabermos exa­tamente para o que fomos chamados no Reino de Deus. O cristão precisa saber a que veio nessa Terra. Sin­to informar-lhe, mas não existe na igreja um ministério chamado “Es­quenta banco”. Cada um de nós foi convocado a fazer algo, temos uma missão, um chamado específico que precisamos descobrir e desenvolver. Se ainda não descobriu o seu, então, neste primeiro mês do ano apro­veite para “correr atrás”. Quando descobrir isso, você entenderá porque alguns se sentem tão felizes no trabalho na igreja, batalhando dia e noite, ano após ano, sem se cansa­rem espiritualmente, mas apenas no físico.

Por fim, lembro-me de alguns irmãos que afirmam que na Terra trabalhamos para que no Céu des­cansemos eternamente. Também não encontrei nenhuma base bíblica para tal afirmação. De fato, estamos com excesso de “Achólogos” e não teólogos. Seria ótimo se eles apro­veitassem as férias de janeiro para lerem a Bíblia e se atualizarem na teologia. Um feliz Ano Novo a to­dos nós!