O Senhor Deus diz:
— Povo de Israel,
eu amo o povo da Etiópia tanto quanto amo vocês. (Amós 9:7)
Celebramos
neste dia 20 de novembro o "Dia Nacional da Consciência Negra" -
feriado em muitos municípios e estados brasileiros, como o Rio de Janeiro.
Dia
da morte de Zumbi do Palmares, referencial da luta dos negros no Brasil, pelo fim da escravidão e da conquista por dignidade
e igualdade de direitos. Também é um dia dedicado à reflexão coletiva sobre a
história, a presença e importância do negro na cultura brasileira.
Como
cristãos, fiéis aos valores bíblicos, seguidores de Jesus Cristo, que amou e
ama a todos indistintamente e lutou sempre pela dignidade das pessoas, não
podemos reproduzir e/ou perpetuar esquemas preconceituosos no interior de
nossas igrejas.
Entre
as iniciativas para romper com esse preconceito velado sugerimos o cuidado em
nossas igrejas com expressões do tipo: "ovelha negra"; "lista
negra"; "a coisa ficou preta"; "amanhã é dia de
branco"; "preto de alma branca"; "os negos não prestam
atenção, não fazem isto ou aquilo direito"; "serviço de preto",
entre outras expressões.
Qualquer
pesquisa rápida na internet pode apontar o quanto essas palavras são nocivas,
escondem ou revelam preconceitos em relação ao negro. Vale destacar ainda que
juntamente com essa ação em relação às palavras merece atenção também o zelo
pela não proliferação em âmbito comunitário de piadinhas preconceituosas sobre
negro, pois, permitir sua propagação ou rir das mesmas em qualquer esfera é legitimar
o preconceito.
É
possível produzir estudos bíblicos sérios que evoquem o valor do negro na
Bíblia, contrastando com as visões distorcidas e preconceituosas construídas
historicamente. Neste sentido é possível resgatar verdades bíblicas encobertas
sobre a história do negro, como por exemplo: o Egito, importante império
antigo, inventor do papiro, fica no continente africano. Ou ainda, que
personagens bíblicos famosos do passado como José, Moisés e o próprio Jesus
viveram um período na África - no Egito. Os evangelhos afirmam
que um certo Simão de Cirene ajudou Jesus a carregar a cruz, a caminho do
Calvário (Mt 27:32; Mc 15:21; Lc 23:26). Ora, Cirene fica no norte da África, ou
seja, um africano teria ajudado Jesus a carregar a cruz. O eunuco, batizado por Felipe,
que, por ser etíope, era também, negro (Atos 8) lia as Escrituras em sua comitiva. E há quem
continue afirmando que foram os europeus que levaram a Bíblia para a África!
Sem esquecer passagens como o
versículo do livro do profeta Amós acima, que entre outras coisas, afirma o
olhar especial Deus pelos negros (Etíopes/Cuxi), a semelhança dos filhos de
Israel. Ações como essa ajudam no fortalecimento da autoestima do negro.
Refletindo
sobre a mídia produzida em nosso país é preciso ter em mente que o negro não
suporta mais o monopólio visual da mídia televisiva (novelas, etc.), impressa
(revistas, jornais, etc.) e/ou virtual (internet), além de propagandas, que
sempre apresentam rostos e personagens eurocêntricos (brancos, loiros, olhos
claros). Vivemos num país mestiço, em que o negro representa parte
significativa da nação, nada mais natural que tais meios reproduzam essa
realidade. De igual modo as Igrejas Cristãs, comprometidas com os valores do
reino de Deus, devem ter cuidado em suas produções publicitárias e incluir o
negro, para não reproduzir a discriminação maligna que impera em nossa nação.
Concluindo,
toda e qualquer forma de preconceito fere os ouvidos, os olhos e o coração de
Deus e deve ferir também nossos ouvidos, olhos e coração como cristãos. Assim
como Igreja de Cristo, portadora da maravilhosa mensagem de "boas novas do
evangelho" trabalhemos para a construção de comunidades cristãs inclusivas
e uma sociedade em que reine o amor, a justiça e a dignidade humana.
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